O Senado deve realizar hoje uma eleição, não havendo um acordo e nada aponta para isso, para preencher a vaga aberta no Tribunal de Contas da União (TCU). Raimundo Carreiro deixa a Casa para assumir a embaixada do Brasil em Portugal. Três parlamentares disputam a cadeira: Kátia Abreu (PP-TO), Antônio Anastasia (PSD-MG) e Fernando Bezerra (MDB-PE), que é líder do governo no Senado.

Torço para que Kátia vença. E vou dizer por quê.

O resultado da disputa é incerto. A senadora conta com apoio de senadores da base e da oposição e também tem suporte no MDB, partido de Bezerra. A liderança do governo na Casa dá a este, obviamente, trânsito em todas as siglas. Anastasia tem o apoio oficial de seu partido e do Podemos. Hoje, a distribuição de cadeiras no Senado é a seguinte:

15 – MDB
12 – PSD
09 – Podemos
07 – PP
06 – DEM
06 – PSDB
06 – PT
05 – PL
03 – Cidadania
03 – PDT
03 – PROS
02 – PSL
02 – Rede
01 – PSC
01 – Republicanos

Os dados acima ainda não consideram a fusão do DEM com o PSL e a anunciada migração de Fabiano Contarato (ES) da Rede para o PT.

POR QUE KATIA:
Dizer que um político trabalha direito e leva a sério as suas atribuições soa quase ofensivo aos ouvidos de alguns, que entendem que esta nossa profissão tem de se resumir à arte de maldizer. Quase sempre, infelizmente, por bons motivos, reconheça-se, é assim. Mas falo bem, sim, da senadora. É uma das pessoas mais estudiosas que conheço. Poucas na vida púbica são tão dedicadas a seu ofício.

Katia teve um papel relevantíssimo num momento crucial da vida pública brasileira: o debate, votação e aprovação do Código Florestal — aquele texto que foi tão malhado à época e que deu ao Brasil um papel de vanguarda na defesa do meio ambiente. Ajudou a fazer do país um protagonista no conservacionismo sem lhe roubar a condição de potência agropecuária. A esquerda a atacou duramente. Emprestou-lhe a pecha injusta de “rainha da motosserra” — uma tolice! Tanto é assim que se tornou ministra da Agricultura de um governo petista.

A senadora deu um papel de relevo à Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), tirando-a de uma posição puramente reativa, de modo que a própria entidade passou a investir no desenvolvimento de critérios técnicos para debater a preservação do meio ambiente. Depois, acho, andou tribulando um caminho não muito prudente.

A parlamentar também teve um papel central no aprimoramento da Embrapa e na parceria da empresa com agricultores em defesa da pesquisa. Poucos políticos, a exemplo de Kátia, reúnem tantas informações sobres contas públicas e sobre a inserção da economia brasileira no mundo. Ela estuda.

Ela disputa uma das três vagas do TCU que cabem ao Senado. Logo, é evidente que há um viés político na escolha, exerça ou não a pessoa indicada um mandato eletivo. Apesar disso, dado que se trata de um órgão que, em última instância, apura se o dinheiro público foi bem empregado, também é conveniente que o candidato tenha um perfil militante em defesa da coisa pública e técnico.

Tanto melhor se a senadora, como dizem, reúne votos da oposição e da situação. É tão raro isso acontecer, num país viciado em confronto, que não se deveria perder a oportunidade.

ANASTASIA
Nada sei que desabone o nome de Antonio Anastasia, que chegou ao Senado pelo PSDB, migrando depois para o PSD. Vem originalmente da burocracia do governo de Minas, elegeu-se governador, como aliado de Aécio Neves, e depois se fez senador. Tem tido um comportamento correto na Casa.

O TCU não estará em maus lençóis se for ele o escolhido, mas acho que, no cotejo com a experiência de Kátia, falta-lhe a amplitude de interesses e a diversidade de experiências que se espera de um ministro do TCU. Parece-me que o tribunal estará mais vigilante com ela do que com ele.

BEZERRA COELHO
Não gosto de ver o senador a disputar essa vaga. A razão é simples: é líder do governo no Senado e detém uma posição de poder que inexiste para seus concorrentes, queira ele ou não.

Bezerra já foi alvo de algumas investigações, conforme segue abaixo, na síntese feita pelo site Poder 360, que traz a versão do senador. Vejam os casos e o que ele diz. Volto depois.

By Marrony Gomes

Marrony Gomes, sou um jornalista em busca de aprendizado constante, um pai e esposo dedicado, um cristão comprometido, um fotógrafo apaixonado e um amante do lazer em família.

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