Operação Betesda desarticula organização criminosa que promovia fura-fila em cirurgias no HGP

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Tocantins (Gaeco/MPTO), com apoio da Polícia Civil, deflagrou, nesta terça-feira, 15, a Operação Betesda no Hospital Geral de Palmas (HGP) e em endereços particulares, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão temporária contra dois médicos e um fisioterapeuta, investigados pela suposta formação de um esquema criminoso de “fura-fila” para a realização de cirurgias na unidade hospitalar.

Também foi cumprido mandado de prisão temporária contra um quarto participante do esquema, que atuava na cooptação de pacientes em Ponte Alta do Tocantins.

Conforme as investigações, os profissionais de saúde cooptavam pacientes junto a agentes públicos e particulares de diversas regiões do Tocantins, depois cobravam até R$ 3 mil de cada paciente para beneficiá-los ilegalmente, realizando suas cirurgias no HGP sem observar os protocolos de agendamento e fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS). O dinheiro obtido indevidamente era destinado aos médicos que realizavam as cirurgias e a outros envolvidos no esquema.

Nas investigações, o Gaeco interceptou, com autorização judicial, diversas ligações telefônicas em que fica comprovado o esquema criminoso e a negociação de valores, de R$ 2 mil a R$ 3 mil, para a realização de cirurgias diversas – hérnia inguinal, histerectomia, vesícula e outras.

Os três profissionais de saúde, presos pelo prazo de cinco dias, são investigados pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e concussão.

O que diz a Secretaria Estadual de Saúde

Acerca da Operação policial deflagrada na manhã desta terça-feira, 15, nas dependências do Hospital Geral de Palmas em desfavor de alguns servidores da unidade, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que está a disposição do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPE), Polícia Civil e o próprio judiciário, para prestar todos os esclarecimentos – que forem pertinentes à Pasta – sobre a operação que investiga o possível esquema de cobrança indevida dentro do Hospital Geral de Palmas (HGP), para realização de cirurgias.

O Secretário de Estado da Saúde, Afonso Piva, e o diretor geral da Unidade, Leonardo Toledo, acompanharam a “Operação Betesda” dando total suporte para elucidação dos fatos. Os Agentes tiveram acesso aos documentos solicitados, como também, a prontuários médicos e demais documentos relativos aos encaminhamentos e procedimentos de pacientes. Paralelamente, o gestor determinou imediata abertura de sindicância – a ser instaurada pela corregedoria de saúde – a fim de apurar os fatos, obedecendo, logicamente, o princípio da ampla defesa aos investigados.

O Governo do Tocantins reafirma o compromisso da gestão pelo zelo na prestação dos serviços públicos de saúde, que são totalmente gratuitos. Por fim, a SES-TO reitera que não compactua com qualquer forma de corrupção ou ingerências, e não medirá esforços para que tais ações sejam coibidas na gestão pública tocantinense.

Fila de espera

O Hospital Geral de Palmas é a maior unidade de saúde pública do Tocantins, recebe pacientes de várias cidades. Eles costumam reclamar da demora na realização de procedimentos. Por causa da pandemia, as cirurgias eletivas ficaram suspensas e só foram retomadas em outubro de 2021.

Em dezembro do ano passado mais de 7 mil pessoas estavam na fila para realizar alguma cirurgia pelo SUS no Tocantins. Já em janeiro deste ano uma paciente que estava internada há 120 dias aguardando uma cirurgia ainda não sabia quando iria passar pelo procedimento.

Outro paciente morreu enquanto esperava por cirurgia eletiva no HGP. Antônio Carlos Carvalho de Lima tinha 57 anos e estava aguardando pelo procedimento há vários meses. Na época o filho do trabalhador lamentou a situação.

“Meu pai, quando chegou, ele estava em condições de realizar a cirurgia, embora o quadro fosse grave. Mas eles simplesmente negligenciaram, se negaram. O que aconteceu com muitos e que eu nunca imagine que aconteceria comigo aconteceu. E eu fico imaginando quantos serão os próximos”, diz o filho, Rafael Santos Lima.

By Marrony Gomes

Marrony Gomes, sou um jornalista em busca de aprendizado constante, um pai e esposo dedicado, um cristão comprometido, um fotógrafo apaixonado e um amante do lazer em família.